terça-feira, 2 de abril de 2013

Entrevista do Transverso ao Correio Braziliense


A canção Nem às paredes confesso, imortalizada pela dama do fado português Amália Rodrigues, não serviu de conforto à desilusão de Luisa, que desabafou no concreto da parada de ônibus do Setor Bancário Norte: “Você me deixou, espero que você morra!!!”. A frase expurga uma dor de cotovelo de identificação nacional, cabível a tantas Luisas, Josés e Amálias país afora.

À semelhança da clássica pichação paulista “Robison, te amo, mas perdi o tesão. Adeus. Renata”, vê-se centenas de missivas amorosas espalhadas pelos becos e paredões candangos: “Eu volto”, na fachada do SG1, prédio tombado da Universidade de Brasília (UnB); “a maldade dá saudade”, em stencil estampado no tapume de uma obra da 402 Norte, ou “passaria uma vida ao seu lado, mas não esta”, das várias intervenções poéticas do Coletivo Transverso, na passarela da 205 Norte.

"Existe uma noção de romantismo na declaração pública do amor. Muitas vezes, as mensagens são tão íntimas que o resultado chega a ser cômico”, observa o publicitário Silvino Mendonça, que coordena as publicações da editora independente Savant e publicou um fanzine intitulado Zine Coração, cujas impressões guardam fotos de pichações relacionadas ao tema. “Por outro lado, me interesso mais pelas mensagens de pessoas frustradas com o romance, é mais fácil de se identificar."

*Leia a íntegra da matéria na edição impressa

Confira entrevista com o Coletivo Transverso

Correio Braziliense — Qual a proposta do Coletivo Transverso?
Coletivo Transverso — Trabalhamos com arte urbana e poesia. Procuramos desenvolver uma estética própria por meio da realização de intervenções urbanas autorais. Queremos criar e espalhar poesia pelas ruas e pelo cotidiano das pessoas. A arte urbana é democrática em sua natureza, não está mediada pela compra de ingresso ou pela aquisição de um bem. Existem inúmeras interfaces da arte de rua com áreas como a literatura, as plásticas, a política, a publicidade, a internet. Queremos pesquisar essas interfaces, e desenvolver um trabalho próprio que exponha e amplie o potencial imenso que existe nas ruas para a poesia.

CB — Como e quando nasceu o coletivo?
CT — O Transverso foi criado em janeiro de 2011, em Brasília, em almoços entre amigos em uma república da Asa Norte, começamos compartilhar técnicas e ideias sobre arte urbana. Assim, começamos a criar as máscaras de stencil. Os encontros se tornaram constantes, logo surgiram novas frases e a vontade de formar o coletivo.

Intervenção poética do Coletivo Transverso 

CB — Quantas pessoas envolvidas?
CT — O núcleo criativo do Transverso, responsável pela criação de conteúdo e execução da maior parte das intervenções, além da elaboração de projetos do coletivo, é formado por Cauê Novaes (poeta), Patrícia Del Rey  (poeta e atriz) e a Patrícia Bagniewski (artista plástica). Cada intervenção tem processos diferentes de criação, planejamento, produção, execução, registro e divulgação. Já realizamos mais de 300 intervenções nestes dois anos de Transverso, e hoje temos duas sedes, uma em Brasília e outra no Rio de Janeiro. Nosso projeto mais recente, chamado "Espaço destinado à poesia", propõe que os interessados em colaborar com o Transverso imprimam um de nossos poemas e colem por sua cidade (http://coletivotransverso.blogspot.com.br/). Muitas pessoas já colaboram nas intervenções. Considerando a parte da divulgação, então, este número cresce muito. Nossa página no facebook tem quase 4000 seguidores e constantemente encontramos na internet fotos tiradas por pessoas que não nos conhecem.

CB — Vocês se misturam às pichações da cidade. Como vocês classificam a interferência do Coletivo?
CT — Chamamos nossas ações de intervenções poéticas. Reconhecemos, dialogamos e somos influenciados por outras formas artísticas encontradas na rua.Utilizamos principalmente a técnica de stencil que permite agilidade na aplicação. Apesar da liberdade contida na poesia, a grafia do stencil é fixa, como se fosse um carimbo.

Intervenção poética do Coletivo Transverso 

CB — As pichações caligráficas, em geral, são mais automáticas, contêm erros, não são muito pensadas - o que não é o caso de vocês. O Coletivo já sofreu alguma retaliação por ser muito "racional" ou "programado"?
CT — A arte de rua permanece como um espaço de insurgência de vozes muitas vezes ausentes da mídia tradicional e da publicidade. Acontece que não existe vigilância absoluta 24h por dia e, mesmo se houver, existem pessoas dispostas a se arriscar para dizer o pensam ou para deixar alguma marca nas paredes.A arte urbana contempla o erro, o incompleto, o imperfeito, mas também o singelo, o infantil e o efêmero. E dessa contradição vem uma força expressiva bem particular.

CB — O que vocês acham importante transmitir?
CT — Pra gente, as intervenções são instantes de desvio. São formas de tirar o passante da sua rotina cega. Normalmente, temos olhos viciados. Quando somos surpreendidos por algo novo no caminho, percebemos a cidade como um elemento vivo. Com uma dramaturgia própria que pode ser modificada diariamente. Um poema aberto. Isso faz, com que o passante se insira/aproprie na própria cidade.

Intervenção poética do Coletivo Transverso 

CB — Vocês tem algum trabalho ou manifestação como inspiração e referência?
CT — Nosso trabalho poético dialoga muito com os provérbios, ditos populares e aforismos. São referências nossas, muitas retiradas das ruas, que se somam a outras como o poema-objeto concretista. Somos muito influenciados também pela busca de concisão do haikai, forma poética oriental que no Brasil se traduziu em poemas de três versos, muito trabalhados por nomes como Millôr Fernandes, Paulo Leminski e Alice Ruiz. Entre muitos outros, gostamos de Banksy, Mundano, Fluxus, e Nicholas Behr que é colaborador do Transverso.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Transverso tripla ação - Brasília, Rio de Janeiro e Porto Alegre

Pela primeira vez na história deste coletivo, neste domingo agitado (24/02/2013), realizamos ações simultâneas em três estados diferentes: RJ, DF e RS.

Que sejam as ruas espaços de poesia, que se criem novos e menos violentos, mais generosos usos para o espaço público.


RIO DE JANEIRO
Intervenção poética sobre os Arcos da Lapa










BRASÍLIA
Caça-poemas com Nicholas Behr, no Espaço Cena.




PORTO ALEGRE
Ação em parceria com a Altos Eventos

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Teto e Tinta 2012 - CASINHAS TRANSVERSO VENDIDAS



 Resultados do TETO E TINTA 2012


Foram 169 artistas participando, com a doação de casinhas, que foram foram postas à venda e expostas por 20 dias na Matilha Cultural, em São Paulo . Foram arrecadados R$ 32.423, dinheiro que será utilizado na construção de 8 casas emergenciais para famílias desabrigadas. O projeto tem a curadoria do grafiteiro Mundano.

As duas casinhas doadas pelo Transverso foram vendidas!! Agora a renda será utilizada na construção de casas de verdade e de emergência para famílias desabrigadas. 

 


Casinha de vidro Transverso - VENDIDA!

 

Casinha Transverso do bonde de Santa Teresa - VENDIDA!


domingo, 17 de fevereiro de 2013

COLETIVO TRANSVERSO PROCURA COLABORADORES

ESPAÇO DESTINADO À POESIA

Quer participar do coletivo? Quer espalhar poesia pela rua?
Faça o download do poema, imprima do tamanho que quiser, cole na sua cidade e nos mande a foto. 

Para o download gratuito de ESPAÇO DESTINADO À POESIA, siga o link 

Em retorno, pedimos que nos enviem uma foto e o endereço da intervenção para o email coletivotransverso@gmail.com para publicarmos com seus créditos em nossa página do facebook .

As intervenções devem ser totalmente gratuitas ao público, sem cobrança de ingressos ou venda de produtos associadas. 



Recebemos emails de pessoas querendo participar em ações do coletivo, e para satisfazer este mútuo desejo colaborativo, resolvemos, em parceria com o Coletivo Aferido de Vuelos, disponibilizar esta primeira frase, para que as pessoas interessadas imprimam e colem pelas ruas de suas cidades.



Este projeto é mais uma idéia para incentivar a interferência poética e criativa das pessoas nas cidades, difundir a técnica do lambe-lambe, estimular o surgimento de novos poemas, e estabelecer novos usos, mais generosos e menos violentos, do espaço público.  


O lambe-lambe pode ser colado com cola branca diluída em um pouco de água, aplicada com rolinho de pintura. Recomendamos a impressão a laser, que resiste melhor à chuva e ao sol.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Enfeitando Santa Teresa para o carnaval 2013


A formiga só trabalha pra se fantasiar de cigarra no carnaval
Rua do Oriente - Santa Teresa - Rio de Janeiro 

Não fosse o amanhã, que dia agitado hoje seria
Rua do Oriente - Santa Teresa - Rio de Janeiro

Passaria uma vida ao seu lado, mas não esta
Rua Áurea - Santa Teresa - Rio de Janeiro


Só vim te ver pra lembrar quem sou
Rua Constante Jardim - Santa Teresa - Rio de Janeiro

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Pré-carnaval - Rio de Janeiro 2013

A formiga só trabalha pra se fantasiar de cigarra no carnaval 
Pré-produção

O desapego é meu e isso ninguém tira de mim 
Santa Teresa

Não fosse o amanhã, que dia agitado hoje seria 
Santa Teresa

Sou sua pessoa amada por 3 dias
Santa Teresa 


Só vim te ver pra lembrar quem sou
Lapa


Intervenções praianas - Bahia (Janeiro de 2013)

Foice o tempo
Barra Grande - Península de Maraú / BA




 Pré-produção

 Melhor queimar no uso que mofar guardado
Ponta do Mutá - Barra Grande



Só vim te ver pra lembrar quem sou 
Praia de Bainema - Moreré / BA


São Paulo - dezembro 2012

Em terra de cego melhor se fazer de mudo 
Praça Roosvelt

 Av. Paulista

Passaria uma vida ao seu lado, mas não esta
Rua Augusta

 
Rua Augusta

Não se fazem saudosismos como antigamente
 Av. Consolação


 Av. Consolação


Av. Consolação